De novo a formação...

Caros Leitores, há dias chegou a mim uma medida da direcção, do coordenador do futebol juvenil (se este existir) ou dos treinadores que me intrigou e deixou a pensar.

Caso não tenham ouvido falar, o escalão de Juniores, no ano transacto teve uma prestação que deixou algo a desejar. Não estou a falar de resultados. Estou a falar da péssima formação que se deu aos futuros jogadores do União, ao desinteresse, às sucessivas desistências de jogadores e tentativas do comandante abandonar o barco a meio da época. Houve uma péssima gestão e preocupante dos recursos. Senão veja-se como acabou a época.

Do que aconteceu já falei, do que vai acontecer irei falar, porque as coisas não começaram bem. E tudo o que começa mal, quase ou nunca se endireita.
Durante o defeso ouvi vozes a discordarem da manutenção do treinador, atletas a exclamarem que não iam caso este continuasse, e ainda outros a dizer que não iria haver equipa por falta de jogadores.
Ora, elogiando-se exaustivamente por ter no plantel sénior 16 ou mais jogadores da formação, um acompanhamento da direcção é imperativo. Medidas têm de ser tomadas. Se não houver o escalão de Júnior esta temporada o Grupo União Sport dá não um, mas dois passos atrás. É como se uma fábrica deixasse de ter matéria-prima durante um ano e trabalhasse em seco.
Neste momento o plantel dos Juniores é constituído por 12 atletas e dois destes irão estudar para fora, restringindo-lhes a assiduidade aos treinos e quiçá aos jogos. Ontem (terça-feira dia 16 de Setembro) foram 9 jogadores ao treino. Meus caros os treinos começaram dia 10 do corrente e ainda não chove nem há testes ou exames. Se não é um arranque em falso não sei o que chamar a isto. Com isto, vejo a direcção mais preocupada em contratar um central para os seniores do que em resolver calamitosa situação.

A medida que falo em cima é, para mim, ridícula e de uma mentalidade sem precedente.
O escalão imediatamente anterior (Juvenis) tem excesso de jogadores. O facto de serem mais de trinta, segundo apurei, chegando mesmo aos trinta e seis jogadores em simultâneo, é, em qualquer parte do mundo, excessivo. O que se pensa fazer é dispensar os jogadores menos dotados e com tamanho suficiente para os Juniores e assim preencher este escalão. É de mim ou acho isto sem nexo algum.
Vou tentar exprimir-me de forma a que todos me percebam e sem criar falsas interpretações.
Esta medida espelha apenas o culto do resultado, da vitória e não o da formação. É importante que se perceba que a formação é para ensinar, fazer evoluir a juventude tanto como atletas, como pessoas dentro de uma sociedade. O objectivo das camadas jovens é formar pessoas, fazer evoluir os atletas como jogadores de futebol. Neste aspecto esta medida é, digo mais uma vez, ridícula. Porque para os fazer evoluir é necessário opor obstáculos difíceis de ultrapassar, dar-lhes barreiras, dificuldades, faze-los superar. É assim que se faz em todo o lado. Esta medida não tem isso em óptica. Na minha ideia, quem deveria jogar pelos Juniores eram os melhores Juvenis. Esta dificuldade acrescida iria trazer uma evolução mais consistente, mais sincera, mais útil e fundamentalmente mais lógica. Quanto aos menos dotados, se não iriam jogar nos Juvenis como o irão fazer nos Juniores? Não irão jogar, não irão evoluir, é como e perdoem-me a expressão, dispensar o excedente e mete-lo onde não irão incomodar. Não evoluem os melhores, não evoluem os piores e quem fica a perder para além dos atletas é o Grupo União Sport.



Rogério Malagueira