Os direitos de formação

Hoje trago uma temática que podem os senhores leitores pensar que nunca o Grupo União Sport irá poder ter problemas com ela. Os direitos de formação de um atleta e a compensação financeira que lhe poderá advir.

Se ainda não percebeu, eu explico. Imagine que o Grupo União Sport forma um jogador que tem a sorte de celebrar um contrato de jogador profissional de futebol até ao final da época em que celebra 23 anos. Esta compensação financeira procuraria compensar as despesas que o clube tinha tido com a formação do atleta.

Parece simples, mas não é. Neste defeso tal questão foi colocada à direcção do clube que teve em mãos dois requerimentos de ex-atletas do clube, para que o Grupo União Sport prescindisse da tal compensação financeira a que tinha direito.

Enquadrando as gentes na legislação federativa a que se deu o nome de Regulamento do Estatuto, da Inscrição e Transferências de Jogadores transcrevo-lhes o artigo em questão:

Artigo 12º

1 - A celebração, até ao final da época em que o jogador celebra 23 anos de idade, do primeiro contrato de trabalho desportivo confere aos Clubes que participem no processo de formação o direito a uma compensação de natureza financeira.
2- Para os efeitos do numero anterior considera-se que participaram no processo de formação os clubes que o jogador representou entre os 12 e os 23 anos de idade.
(posteriormente n.º 3 e 4).

Quer isto dizer que o Grupo União Sport tem direito a uma compensação financeira quando um ex-atleta celebre um contrato profissional com outro clube, desde que isso se situe até à época em que o atleta perfizer 23 anos.

Os ex-jogadores que requereram ao União que prescindisse da compensação financeira foram Rúben Gravata e Sebastien Malagueira.
O primeiro, 22 anos, vindo do União da Madeira representou o clube na época 2007/08.
O segundo, actualmente com 23 anos, filho da terra, representou o clube dos 10 aos 20 anos até sair para o Lusitano de Évora.

O Grupo União Sport teria, como indica o regulamento, direito a uma compensação de natureza financeira, caso algum destes dois atletas assinasse um contrato de jogador profissional de futebol.

A posição assumida pela direcção foi a de rejeitar imediatamente a pretensão dos dois ex-atletas argumentando que tal renuncia prejudicaria o clube (informação veiculada em AG e presente em acta).

Desde a dita AG que ando com esta ideia atravessada. A renuncia à compensação financeira seria prejudicial ao Grupo União Sport? À primeira vista parece que sim. O clube renunciaria a uma verba a que teria direito e que nos dias que corre seria uma receita extraordinária e importante.
Seria mais um encaixe para investir no plantel sénior !?!...

No dia em que escrevo, Rúben Gravata é atleta de um clube Maltês (Marsaxlokk) e Sebastien Malagueira permaneceu no Juventude de Évora. O Grupo União Sport não recebeu, nem receberá qualquer compensação financeira pela formação destes dois atletas.
Durante a pré-época foram sempre e só estes dois atletas que requereram a renuncia, e nunca algum clube ou SAD que fizesse uma proposta concreta e com o qual o União pudesse negociar.

O Grupo União Sport ao não renunciar não se prejudicou nem tirou qualquer beneficio, mas impossibilitou, de certa forma, que estes atletas pudessem dar um passo em frente na sua carreira e assinar um contrato profissional. Os únicos prejudicados foram os jogadores.

Foi de facto uma decisão tomada de animo leve, sem conhecimento de causa, com completa ignorância de quanto se falava ou o que tal decisão poderia acarretar para os atletas. Na gíria, o Grupo União Sport cortou as pernas a Sebastien Malagueira e Rúben Gravata.

Este clube quando foi fundado não se alicerçou nestes pilares de egocentrismo, egoísmo e falta de visão humana e social.

Os clubes estão falidos e sem dinheiro para se manterem vivos. O União sabe bem o que isso é.
Pagar uma compensação financeira por dois atletas que viriam de uma 3ª divisão nacional está completamente fora de questão para 95% dos clubes nacionais com plantel profissional.
Possivelmente, Rúben Gravata, mas mais concretamente Sebastien Malagueira perderam a oportunidade de uma vida porque o Grupo União Sport não soube lidar com a situação. Foi egoísta, não pensou que tanto um, mas principalmente o outro deram muito de si para que o clube evoluísse.O agradecimento que o clube lhes deu foi uma falta de valores enorme.
Sei que muito mais deu o clube a estes atletas, principalmente ao segundo, mas o comboio só passa uma vez e primeiro terá de estar sempre a pessoa e depois o dinheiro.

Perante todos estes obstáculos, percebem porque cada vez mais, os clubes apostam em atletas estrangeiros?

Eu, perante tal situação, teria renunciado ao direito de formação, permitindo aos atletas assinarem contrato profissional. Mas, teria precavido a situação contratando com os atletas que em caso de transferência o Grupo União Sport teria direito a uma percentagem. Isto é possível e foi o que fez o Casa Pia com o jogador Zeca. O Casa Pia percebeu que nada ganhava em manter o jogador, pois o Vitória de Setúbal apenas assinaria contrato com o jogador se nada tivesse de desembolsar. Deu-lhe liberdade e projecção. Caso haja transferência, o Casa Pia será então ressarcido, caso Zeca não tenha a sorte de se transferir, o Casa Pia nada perde, ganha nome, ganha orgulho.

Cumprimentos

Rogério Malagueira

P.S: Para mais esclarecimentos em relação a este Regulamento estarei à inteira disposição dos leitores e comentadores.